Sem perspectiva

Imerso em um dilema

O trapiche do Valverde continua interditado pela Defesa Civil e as perspectivas de mudanças são poucas, apesar de não faltar interessados em investir no espaço

Jô Folha -

O trapiche José Marcos Leite Magalhães, desde sua criação, é cenário para belas fotografias. Entretanto, desde o ano passado, quando sua estrutura de madeira foi abalada após uma enchente que atingiu o Laranjal, os cliques passaram a acontecer apenas da areia. Os visitantes foram proibidos de subir na estrutura depois que a Defesa Civil alertou para os riscos. A madeira estava se movimentando conforme a maré, com chance de desabar. O lado direito da estrutura - localizado no fim da extensão dentro da água - já caiu. Quase um ano depois da enchente, a situação continua a mesma e sem perspectiva de mudança.

A três meses do início do verão, o ponto turístico está imerso em uma situação delicada, que vai além das águas da Lagoa dos Patos. De um lado o Valverde Praia Clube, entidade responsável pelo trapiche e por sua manutenção - possui a concessão dada pela Marinha. Do outro, a comunidade, a prefeitura e a iniciativa privada. Para que um projeto de revitalização saia do papel é preciso saber quem fará a manutenção, ressalta o presidente do Sindicato da Indústria da Construção e Mobiliário (Sinduscon), Ricardo Ferreira. A entidade foi parceira na última revitalização, já que o clube responsável está desativado.

De acordo com o presidente do Valverde Praia Clube, Sérgio Almeida, a entidade não possui sócios, nem mesmo uma diretoria ou conselho. Sem membros, não há verbas. As condições precárias da sede denunciam o problema. Almeida enfatiza que o dinheiro para pagar os gastos com luz e água do local vem do aluguel da quadra de esportes, insuficiente, por exemplo, para trocar os vidros quebrados do prédio e muito menos comprar madeira e investir no trapiche. Além disso, ressalta, precisa frequentar a sede frequentemente para evitar que ela seja ocupada.

Em busca de solução
Nos próximos dias o presidente do clube deverá falar ao Ministério Público Federal sobre a situação do trapiche. De acordo com o coordenador do Programa Cidade Bem Cuidada, Paulo Morales, o município tem o interesse de assumir a responsabilidade da estrutura, para então investir em requalificações e ampliação. Atualmente é feita uma análise dos documentos necessários para viabilizar o processo junto à Marinha, ao Ministério Público e ao Valverde Praia Clube, antes de se pensar em um projeto.

O presidente do Sinduscon também mostra-se adepto a uma nova parceria para arrecadar verbas e revitalizar o espaço, pois o sindicato entende que o ponto é importante à cidade.

Segundo Sérgio Almeida, a alternativa de ceder a concessão ao município ou para outra entidade já vem sendo pensada. Entretanto, alguns detalhes, como o futuro modo de exploração do local, precisam ser definido.

Perigo
Mesmo com as placas de aviso, a população continua a se arriscar enquanto espera uma solução para esse processo, com pouca chance de mudar até o próximo verão. Pessoas pulando o portão ou as laterais do trapiche para chegar ao outro lado já são cenas comuns para Michele Costa Duro, 26. A pelotense que visita o Laranjal lamenta o fato de o ponto turístico estar fechado.

Linha do tempo
1963 - Criação do Valverde Praia Clube pelos moradores da região.
Anos 1970 - Tanto os sócios como a comunidade tinham a pesca como principal modalidade esportiva e de lazer. Por isso, sentiu-se a necessidade da criação de um local apropriado. A partir de uma concessão da Marinha ao Valverde Praia Clube, surge o Trapiche José Marcos Leite Magalhães. A denominação faz homenagem a um dos sócios que lutaram pela criação do espaço.
2001 - A orla da praia do Laranjal é atingida por uma ressaca que abala a estrutura do trapiche.
2009 - O trapiche é interditado por oferecer risco à população.
2012 - O trapiche é totalmente restaurado com apoio da iniciativa privada e do Poder Público.
2015 - Em outubro de 2015, depois de fortes tempestades e um grande alagamento da praia, a estrutura novamente fica comprometida. Por oferecer risco à população, é fechada.
2016 - Em julho a Defesa Civil fecha o trapiche outra vez.

O trapiche possui
- 530 metros de comprimento
- Assentos para descanso e contemplação a cada 75 metros
- Uma casa de 30 metros quadrados para abrigar os visitantes

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